Ensaio sobre “os malefícios sociais da série Morangos com Açúcar” PARTE I

Muito se tem falado sobre o impacto social, desta série, na sociedade juvenil. Uns dizem que esse impacto é positivo. Outros dizem que é negativo. Dados os factos (contra factos não há argumentos) que vão ser aqui apresentados, a minha opinião é que tem mais impacto negativo que positivo.

Recentemente, andava a “viajar” no mundo dos blogs, quando descobri um artigo que falava sobre o porquê do sucesso dos morangos. Os quatro factores eram:

· Temas actuais;
· Diálogos comuns em linguagem comum ;
· Música e movimentos jovens ;
· Open Casting


Relativamente ao primeiro ponto, o artigo fala em “foi feito um esforço para recriar um ambiente escolar exacto”. Ao ver isto, só me posso rir. Ambiente escolar exacto? Não poderiam estar mais errados. Vê-se a nova série (Série VI), e só se repara numa coisa. É só modelos. Não há a típica aluna portuguesa. Nem feia, nem bonita. Naquela escola é tudo bonito. Assim como a escola anda sempre limpa, e, por incrível que pareça, cheia de publicidade (isto até se compreende).

Outro grave problema é os temas que são falados entre os alunos/pseudo-actores. Os temas importantes para a sociedade juvenil, quase não existem, e quando se fala neles, não lhes é dada a devida atenção, pois isso “não vende”

Eles nunca falam de estudar, e nunca são vistos a estudar. Será que é isto que querem ensinar aos espectadores? Que não é necessário estudar? E outro problema: está tudo sempre no bar do Fred. Quer haja aulas, quer faça chuva, sol, neve, haja testes, etc. Será que ninguém faz nada naquela escola? Será aquele colégio daqueles em que os alunos “compram” as notas? Não creio que seja essa a imagem que querem passar.

Outro problema, é a criação das personagens. As personagens, podem classificar-se segundo estereótipos. E o problema é que não se trabalha mais essa personagem. Já se sabe que o “gajo principal”, antes de ficar com a “gaja principal”, vai se envolver com outras, e que há sempre o mau da fita, que quer separar os dois, há sempre um gajo engraçado, um oprimido, uma “loira burra”, etc. Todos respondem a um especifico estereotipo, sem haver construção de personagem.

Outro aspecto hilariante, é que é tudo virgem naquela escola. Sendo o universo de alunos composto por gajas boas, e modelos, qual é a probabilidade de ser tudo virgem? Próxima do zero.

Diálogos comuns em linguagem comum

Os MCA, tentam ter linguagem comum, mas não conseguem, pois a linguagem comum “não é educativa”. Não se ouve um “Foda-se”, ou um “vai po caralho” ou ainda o característico “quero é que ta fodas”. Mas isto eu até compreendo, pois assim as criancinhas que vêm a série, aprendem este vocabulário (que certamente irão aprender mais tarde, se é que não já o sabem), e os paizinhos que não lhes dão atenção suficiente, culpam as séries juvenis.

Musica e movimentos jovens

Não se pode chamar música aos DZRT, 4TASTE, e muito menos à banda do Tiago (sub-sub-produto dos morangos com açúcar e que apesar de eles dizerem que é um projecto independente, eu não caio nessa). Relativamente aos movimentos jovens, aquilo não ensina nada. Na última série, diziam que “grafitar não é estragar”. Não me venham com essas tretas. Só uma pequena, quase nula, parte dos graffities, é que são considerados arte. O resto é riscos nojentos, desenhos feios. E alem disso, o graffitie, dá mau aspecto às cidades. Faz-nos lembrar aqueles bairros sociais, onde não pode entrar ninguém de fora. Relativamente ao hip hop, os Zé Milhos , e Cia, não davam grande exemplo. Aqueles saltos mortais pra traz, deve ter feito alguns estragos na coluna das pobres criancinhas, que pensavam “Se o Zé milho faz, eu também consigo”

FIM DA PARTE I

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